COMO FUNCIONA A MENTE DE UM CRIMINOSO ?
Cenas diárias. Pouco importa
o lugar ou a hora. De onde vem a violência? Pesquisadores de várias áreas
buscam as respostas.
"É um pouco o genético e
um pouco social", afirma Roberto Lent, do Instituto de Ciências Biomédicas
da UERJ.
Os estudiosos do cérebro
explicam: a agressão vem da nossa natureza animal. O lobo frontal, uma região
da testa, é que libera ou não os comportamentos agressivos.
"Como ocorre este
bloqueio: ele funciona em função do que tem fora; da sociedade do ambiente. A
gente desde criança aprende que existem leis e regras sociais", explica
Lent.
Errar é humano. Oscilamos
entre o respeito às regras e a transgressão o tempo todo. Parar onde não deve,
trapacear no jogo, colar na prova . Mas quando a transgressão constante e
crescente merece luz amarela: muita atenção.
O núcleo forense do Instituto
de Psiquiatria de São Paulo dá assistência em perícias, trata e estuda a mente
de criminosos.
"Existem pessoas doentes
que cometem crimes. Existem pessoas normais que cometem crimes. E existem pessoas
más que cometem crimes", ensina o neuropsicólogo Antônio Serafim.
São Paulo tem 158 mil
detentos. Só 1% tem alguma doença mental. Esses, segundo os médicos, não têm
conserto.
"Ela continua sempre
como ela é. É como uma música, você consegue diminuir um pouco o volume , mas
continua tocando a mesma música. A personalidade, o jeito não se
modifica", adverte o psiquiatra Rafael Bernardoni Ribeiro.
Mas o contrário acontece. Um
cérebro sadio adoece com o uso de drogas. O efeito do crack é apontado como o
mais devastador. E está entre os principais responsáveis pelo comportamento
agressivo dos jovens de todas as classes sociais.
"O usuário de crack fica
tão dependente do vício que sai para rua para pegar a droga de qualquer jeito.
Ele se torna quase uma coisa", aponta o promotor de Justiça de Minas
Gerais Lélio Calhau.
Difícil é quando não se sabe
a causa e a conseqüência está doendo. Como na história de Fabiano, espancado na
porta de uma boate.
"Chute, mais chute e
paulada na cabeça. E ainda, por último, veio um e deu um chute. Ele tentou
levantar", conta a mãe do rapaz, Sebastiana Dias.
Em vez de resposta, seqüelas.
"Eles vão viver uma vida
saudável. Meu filho não", lamenta a mãe.
Na maioria das vezes, a
violência está diretamente ligada à educação.
"Até que ponto as
famílias não são permissivas? Até que ponto as famílias não criam um clima que
favorece essa visão de mundo: egocêntrica, até narcísica, das pessoas passarem
a achar que o que eles querem eles têm direito?", indaga o antropólogo
Gilberto Velho.
Cinco rapazes. Universitários
de classe média alta agrediram uma doméstica e ainda tentaram se justificar
dizendo que achavam que era uma prostituta. Para o pai de um dos agressores,
crueldade foi a prisão dos rapazes.
"Não justifica o que eles
fizeram. Mas, prender?", questionou o pai de um dos agressores na época.
Juraci pensou diferente.
Quando viu o filho bêbado ao volante chamou a polícia. E não pagou fiança para
soltar o filho.
"Já pensou se você
passar a mão na cabeça dele o que ele vai fazer?", desabafa Juraci.
A lição aprendida na pele é
explicada pela ciência.
"O limite entre o
comportamento violento tolerável , considerado normal, e o intolerável,
considerado patológico, é uma linha que a sociedade determina", justifica
Roberto Lent.
Artigo extraído de: http://www.jusbrasil.com.br/noticias
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